Fora do casulo

O casulo Abrigo, enquanto valência da associação Methamorphys, consiste num Centro de Acolhimento Temporário que fornece uma resposta social de emergência, por um período de tempo limitado, a indivíduos adultos, em situação de carência e fragilidade social extrema. O presente projeto procura assumir-se como uma extensão dessa resposta, através da criação de uma equipa de rua.

Projetos

OBJETIVO

Como objetivo central pretende-se que esta equipa se possa nortear por um conjunto de princípios e ações que potenciem quer o (re)estabelecimento dos laços entre a família de origem e os indivíduos que se encontram em regime de CAT, quer a sinalização e intervenção de indivíduos em condição de sem abrigo e/ou situação de pobreza extrema, bem como o subsequente encaminhamento para soluções passiveis de contribuir para a sua plena integração.

Entidade responsável
– âmbito de atuação

A Methamorphys é uma IPSS criada a 30 de abril de 2008 com o propósito de promover e proporcionar o crescimento e desenvolvimento humano, e cuja área de atuação é iminentemente de natureza social.

A Associação tem por âmbito de ação todo o distrito de Viana do Castelo, podendo estender a sua ação a todo o território nacional.

A equipa

Com o intuito de realizar e desenvolver um trabalho multidisciplinar integrado, a Methamorphys conta com a colaboração de um conjunto de técnicos experientes, provenientes de campos distintos do conhecimento (e.g. Psicólogo(a)s, assistente social, jurista, etc). Orientados por um espírito de missão desenvolvem a sua atuação através da coresponsabilização e compromisso com novos projetos de vida, articulando em rede com os diversos parceiros locais

e realizando um acompanhamento de proximidade junto do público intervencionado. Adicionalmente a Methamorphys conta com a colaboração preciosa de um conjunto vasto de voluntários que de forma entusiasta e regular enriquecem a experiência dos indivíduos que se encontram em regime de CAT, e que sem os quais, inequivocamente, o trabalho desenvolvido junto dos mesmos ficaria mais empobrecido.

Enquadramento
teórico

Os sem-abrigo são tipicamente indivíduos cujas interações sociais se encontram fragilizadas e empobrecidas e que tendem a apresentar uma ausência acentuada de vínculos familiares satisfatórios (O´Toole et al., 2004). Esta deficitária manutenção dos vínculos afetivos ao comprometer o contexto relacional, potenciando situações de isolamento e sentimentos de inadequação, colide, paradoxalmente, com a natureza gregária do Ser Humano.

O percurso de desintegração que estes indivíduos experienciam é visível na gradual ausência de perspetivas, na degradação das relações de pertença e desvinculação laboral, e conduz, inevitavelmente, a fenómenos de rutura e crise identitária, com efeitos nefastos ao nível do seu autoconceito (Goffman, 1993).
Pelo que, a instabilidade emocional, o isolamento e a solidão configuram-se como elementos centrais da experiência psíquica desta população.

A instabilidade emocional, o isolamento e a solidão configuram-se como elementos centrais da experiência psíquica desta população

+50%

desta população
sofre de
problemas de
saúde mental

Adicionalmente, a investigação tem reportado uma taxa de prevalência, superior a 50%, de problemas de saúde nesta população. Sendo o consumo de substâncias, as doenças sexualmente transmissíveis e a presença de perturbação mental (e.g. personalidade, depressão e esquizofrenia) os diagnósticos mais frequentes (Savage et al.,2006; Stein, Dixon & Nyamathi, 2008).

Na condição de sem-abrigo assumem particular relevância variáveis como exclusão e pobreza. Por exclusão social entende-se o processo pelo qual o individuo experiencia um conjunto de múltiplas e sucessivas ruturas quer ao nível social, económico, territorial quer das referências simbólicas (Bento & Barreto, 2002).

Conscientes de que a atual conjuntura económica e politica contribui significativamente para a agudização de situações de precariedade junto de grupos e/ou indivíduos em situação de desfavorecimento social, reside em nossa opinião, a sustentação e a pertinência do presente projeto.

a pobreza associa-se a baixo nível económico, a baixo nível de escolaridade, a saúde precária, a integração deficitária no mercado de trabalho e no tecido social

Martins, 2007

OBJETIVOS

Gerais

Constituição de uma equipa de rua cuja atuação seja norteada pela cooperação e articulação em rede, entre parceiros locais e os atores sociais. Dada a complexidade dos processos que operam nos fenómenos de pobreza e exclusão social, acredita-se que só através da corresponsabilização é possível potenciar as sinergias necessárias de modo a promover a transformação dos fenómenos onde se pretende atuar.

Específicos

Mapeamento e caraterização do fenómeno dos sem abrigo no distrito de Viana do Castelo de modo a promover a sua compreensão e o desenho de políticas eficazes de combate ao flagelo;

Definição de novo projeto de vida de cada individuo/família de forma participativa e em articulação estreita com instituições e serviços da comunidade de origem;

Elaboração de diagnóstico da situação concreta de cada individuo/família;

Envolvimento ativo da comunidade através de uma forte aposta na sensibilização e psicoeducação;

Sinalização e encaminhamento dos indivíduos para respostas sociais adequadas às suas necessidades;

Prestar apoio psicológico e social, tendo em vista a superação das dificuldades;

Motivar para a inserção;

Restabelecimentos de laços afetivos;

Orientação/integração profissional e formativa.

Público-alvo

O projeto está essencialmente concebido para intervir junto de indivíduos em situação de sem abrigo e respetivas famílias, sendo, contudo, abrangente a todo(a)s aquele(a)s cuja situação se caraterize pela precariedade e/ou ausência de uma habitação condigna.

A Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas Sem Abrigo- ENIPSA traça um conjunto de orientações gerais e comprometimentos das diferentes entidades públicas e privadas e é baseada no respeito pelos direitos e cidadania. Preconizando que a respetiva implementação deve ser ao nível local, através dos Conselhos Locais de Ação Local da Rede Social (…) com base em planos específicos e adequados às necessidades locais identificadas (…)” (ENIPSA:6).

mais de 1 bilião de
pessoas vivem numa
habitação não adequada
e 100 milhões não
possuem abrigo

Nações Unidas, 2004

problemáticas de exclusão social

Segundo dados recolhidos junto do Centro Distrital de Segurança Social de Viana do Castelo, as problemáticas de exclusão social, no que se refere à habitação, encontram-se distribuídos da seguinte forma representada no gráfico.

Parceiros

Porque se acredita na fertilidade das sinergias que resultam dos esforços conjuntos, numa lógica de partilha e concertação, constituem-se como parceiros estratégicos:

Implementação
do projeto

A fase de implementação do presente projeto pressupõe numa fase inicial o levantamento exaustivo do fenómeno e das características da população alvo, pelo que se perspetiva que o processo de levantamento dos dados e a triangulação dos mesmos, bem como a subsequente adequação da resposta e articulação com entidades e organismos parceiros possa exigir um trabalho que poderá estender-se até ao período máximo de dois meses.

Caráter inovador
do projeto

Mais do que intervir juntos dos utentes do Centro de Acolhimento Temporário/Casulo, o visa dotar a equipa multidisciplinar das ferramentas necessárias para intervir no meio indo mais além, chegando às famílias destes, à sua origem/proveniência sociogeográfica, potenciando assim uma reintegração completa, emocional, social, profissional e familiar.

O projeto tem como intuito alargar o âmbito de intervenção do Casulo Abrigo. Sabemos que por definição ou por defeito as instituições atuam sobre os seus utentes. Neste caso, e se visamos a reintegração com sucesso dos utentes em todas as dimensões, então torna-se impossível dissociar a intervenção de dimensões que vão além do utente enquanto indivíduo imiscuindo-se profundamente no seu universo, ao nível familiar e social, geograficamente e profissionalmente. Escusado será dizer que o modelo de intervenção é mutável, adaptado a cada caso, pensado para ser o mais eficaz possível em resposta ao contexto de vida e às especificidades de cada utente.